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miriam reyes

Ontem, na Vivacidade, tive o prazer de conhecer a poesia de Miriam Reyes pela voz duma outra poeta poetisa, Vera Cunha:

E não resisto também eu recita-la aqui:

Eventualmente paso días enteros sangrando
(por negarme a ser madre).
El vientre vacío sangra
exagerado e implacable como una mujer enamorada.

Si los hijos no salieran nunca
del cuerpo de sus madres
juro que tendría uno ahora mismo,
para sentirlo crecer dentro de mí
hasta poseerme como en una sesión espiritista
o como si mi bebé y yo
fuéramos muñecas rusas
una llena de la otra
mamá llena de bebé.

También tendría un hijo
si ellos siempre fueran bebés
y pudiera sostenerlo en mis brazos por encima de la realidad
para que mi niño nunca pusiera los pies en la tierra.

Pero ellos llegan a ser
tan viejos como uno.

No alimentaré a nadie con mi cuerpo
para que viva este suicidio en cuotas que vivo yo.

Por eso sangro y tengo cólicos
y me aprieto este vientre vacío
y trago pastillas hasta dormirme y olvidar
que me desangro en mi negación.

( Miriam Reyes in Espejo Negro, texto rapinado daqui retirado dos As folhas ardem)

No soy dueña de nada
mucho menos podría serlo de alguien.
No deberías temer
cuando estrangulo tu sexo,
no pienso darte hijos ni anillos ni promesas.
Toda la tierra que tengo la llevo em los sapatos.
Mi casa es este cuerpo que parece una mujer,
no necesito más paredes y adentro tengo
mucho espacio:
ese desierto negro que tanto te asusta.

(Miriam Reyes in Espejo Negro, texto rapinado ali retirado de António Miranda)

Comentários a: "miriam reyes" (4)

  1. Caríssimo Pepe:
    Como poderá verificar na página de disclaimer do meu blogue As Folhas Ardem (Sobre Sob Voz), não me importo nada que me “rapinem” seja o que for. Acho até uma honra… desde que se refira a fonte – neste caso o blogue “As Folhas Ardem” – em vez do triste e vulgar “aqui”… e “ali”. Facto que, de resto, apenas abonaria o seu excelente blogue, pela credibilidade imediata que a referenciação das fontes confere.
    Aceite um abraço
    Manuel Margarido
    asfolhasardem.wordpress.com

  2. Tem toda a razão, Manuel, e de facto costumo ter esse cuidado por todos os motivos mas hoje saiu assim atamancado.
    Agradeço o modo simpático como faz a chamada de atenção e peço para aceitar as minhas desculpas. Fica já feita a correção.
    Um bom fim-de-semana e um abraço

  3. Foi muito gratificante verificar esta referência:) senti que a poesia da Miriam Reyes cativou e acrescentou algo… aos presentes como a mim…

    Desde já o meu obrigada e parabéns pelo novo mundo que aqui se encontra*

    • Eu é que tenho de agradecer a si, Vera, para além da sua própria poesia, ter-me dado a conhecer uma outra voz.
      São experiências como a dessa tarde que me fazem entender a frase “language is a virus”

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