quem dera que dê certo
Curiosas cumplicidades (mais esta) quando caem ou tremem as ditaduras. Esbatem-se ideologias e ódios frente aos negócios, aos interesses comuns, à comum maneira de gerir países como um assunto de família. Nada disto é novo; os mesmos erros, a mesma canalhice, o mesmo sentido de oportunidade. E não têm razão aqueles que justificam ajudas económica e outras, confrontados com uma opinião pública atenta ao cadastro dos regimes: “Se não formos nós, outros hão-de fazê-lo por nós e tirar o proveito”? O pior é que têm essa parte da razão.
Se as ditaduras tremem e recuperam o domínio, passam por um período de nojo internacional, prosseguindo adiante até à próxima crise.
Se caem, é a festa. Mas o desfecho é muito variável: quando os militares se metem na política, uma ditadura pode suceder à outra; o regime deposto pode ter força para conduzir uma campanha terrorista que compromete o futuro; os donos da verdade conduzem campanhas de ódio e perseguição contra toda a manifestação de tolerância e racionalidade; vizinhos incómodos alimentam a destabilização que entendem conveniente; falsos amigos idem.
Por vezes, com alguma ajuda externa e muito bom senso próprio, é possível recomeçar a construção dum país.
ecos de outros mundos