
Dias de Verão cinzentos, frescos-quasifrios, com alguma chuva fina, são como noites em casa sem televisão, fins-de-semana em lugar ermo, computador sem internet, telemóvel sem rede. Como se, de repente, tivessemos de nos confrontar com a terrível questão: que vou fazer da minha vida?
Os Antigos, coitados, como faziam? Os mais priviligiados também recorriam às tecnologias da época, como o livro. Veja-se a srª.Bovary, por exemplo. Mas sendo sofisticados, faziam malas e iam conhecer mundo civilizado ou para lá das fronteiras da civilização, que tanto podia ser Paris como uma quinta perdida nas margens do Douro.
Ou desconheciam o “lazer” e levavam uma vida de canseiras, sem se confundirem com aquelas criaturas dos dias de hoje que abominam as férias enquanto “tempo livre” e são viciados no trabalho.
Sem recurso às muletas que amparam o vazio e a ausência de paixão, seria tentador cultivar prazeres íntimos, partilhar interesses por coisas singelas, mas nada disso surge assim de repente. Criatividade, sensibilidade, afectividade, diálogo, introspeção, curiosidade, desejo…estranho como exigem prática, dedicação, gosto. E um grãozinho de loucura pessoal e transmissível.
Gostar disto:
Gosto Carregando...
ecos de outros mundos