rio abaixo
Há dias, postando a própósito da destruição dum restaurante construído junto à foz do Douro, nos molhes, atribuí a responsabilidade ao mar. Mas não é só a culpa do mar. Também o rio tem culpas…e logo este rio!
Esta é a definição para as “cheias extraordinárias”: “Na foz do rio designam-se cheias extraordinárias as cheias que ultrapassam a cota dos + 6,00 m, Z.H., medidos junto à ponte de D. Luis, na margem direita, por serem aquelas que galgam o cais da Ribeira (cota + 5,90 m), embora quando isso sucede, já Miragaia está inundada (+ 4,19 m)”. (in INUNDAÇÕES DO RIO DOURO: DADOS HISTÓRICOS E HIDROLÓGICOS por Cristina Aires, Diamantino Insua Pereira & Teresa Mira Azevedo)
Segundo o mesmo estudo, há “cheias extraordinárias” de 10 em 10 anos. Espantoso? Nem por isso, o Douro sempre teve fama de ser temperamental e violento (será do vinho?).
O que é mesmo espantoso será gastar-se dinheiro (de quem?*) a construir um restaurante neste local. Ou, mais espantoso ainda, continuar interessado em gastar dinheiro e repetir a graça. Para chegar ao fim e se surpreender sempre com o resultado. E já nem discuto o rigor dos estudos de impacto ambiental, a confiança de quem nos assegurava que as derrapagens orçamentais são imponderáveis inevitáveis ou de todos aqueles que nos sossegam dizendo que as “simulações e estudos que se fizeram, que levam a concluir que não se vai verificar aquilo que certas vozes dizem por aí“.
* “Pinto Ferreira [presidente da junta de freguesia da Foz], referindo-se aos cerca de 40 milhões de euros que custou a obra, critique que “os dinheiros públicos tenham sido mal aproveitados” (in JN)
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ecos de outros mundos